“Em breve, robôs estarão disponíveis para nos ajudar na cozinha, dobrar roupas recém-lavadas e até mesmo cuidar de nossas crianças (...) ‘Daqui a cinco ou dez anos, os robôs vão ser presença corriqueira em ambientes humanos’". National Geographic Brasil, agosto 2011.
Diante dos interrogadores, Anders Behring Breivik explica aos incrédulos homens à sua frente como planejou o ataque que matou mais de 90 pessoas. “Foi tudo calculado”, ele afirma, com frieza impressionante “cruel, mas necessário.”
O sonho da razão produz monstros.
Bem que o saudoso Dr Joseph Campbell nos alertou: não se esqueça de ouvir seu coração.
E as pessoas, apontando para o matador da Noruega, ainda perguntam: Como ele pôde?
Como se Anders “cara-de-anjo” Behring fosse mesmo o único culpado.
Ah, fosse mesmo assim tão simples a explicação...
A verdade só podia ser terrível - Anders é um indicador. Uma luzinha vermelha que piscou no painel de controle da humanidade.
E o que está errado?
Tudo.
Tudo o que o ser humano mais se orgulha: A razão.
Massacramos o assassino justamente porque ele se tornou a expressão humana do frio calculismo que negamos dentro de nós.
Alguém aí lembrou da catástrofe das torres gêmeas? É só uma mudança de trincheira.
A doença é a mesma.
Wall Street?
Olhem estes executivos; como sorriem.
E os cadáveres tilintam no armário a cada nova jogada.
No painel de controle, luzes incômodas começam a piscar, mais e mais.
E, na tentativa de justificar, a intelligentsia supõe uma ainda mais suposta demência, talvez nacionalismo, imigração ou política...
Mais uma vez, o ser humano nega o que está bem embaixo do seu nariz. E aponta, como já no Paraíso, o dedo para longe de si - pouco importa para onde.
Do lado de cá do peito, um invólucro latejante insiste em chamar a atenção.
Mas, pensando bem: para que? Os robôs, garantem os cientistas, já em breve embalarão o sono de nossos filhos...
Num filme que não peguei o nome, um executivo que não lembro quem, explica aos colegas porque está festejando o Natal no escritório: “Porque sou um f. que só pensa em dinheiro.”
Espero que seja ficção. E eu que tanto reclamava dos meus pais trabalhando demais.
O Grande Jumbo aderna em meio à turbulência, em sombria viagem do nada ao lugar-nenhum.
Meus amigos, minhas amigas: eu lhes peço. Parem. Olhem. Escutem seu coração.
Deem um abraço de verdade em suas mães e pais, vôs e avós, irmãos e irmãs, se ainda os têm; perdoem seus amigos, suas namoradas e namorados, quem sabe, seus ex-futuros-atuais.
Não levem as coisas ao pé-da-letra. Não; não levem, eu lhes peço. Há tanta beleza ainda a ser desfrutada! E duvidem, pois a mente, como a matemática, é perfeita, mas ainda mais fria que esta e por isso realmente não pode aquecê-los, fazê-los gritar e chorar essas lágrimas quentes que tudo perdoam, que vêem no próximo a extensão de sua humanidade.
Tristes tempos, estes... A razão se tornou uma doença universal.
Em meio à turbulência o Jumbo luta pela vida.
O painel de controle pisca e apita descontroladamente.
Imagem acima: O sonho da razão produz monstros, de Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1826), pintor espanhol.
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