sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Flashbacks da XIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro

Com Lars Grael na Bienal do Rio

Olá amigos!!!


Depois de um certo tempo sem deixar aqui mais algumas impressões dessa vidinha em banho-maria que ando levando, decidi acabar o jejum e contar um pouco dessa recente viagem ao Rio de Janeiro.


Que, dizem, atende também por Cidade Maravilhosa, o que pude ver com meus próprios olhos nas outras duas ocasiões que botei os pés lá... O que não foi o caso, dessa vez. Não deu tempo de ir onde está a maravilha - Cristo Redentor, Corcovado, Copacabana, etc e tal. Foram 15 dias no Recreio dos Bandeirantes, 2 resolvendo entraves burocráticos e 11 trabalhando no Riocentro das 9 às 11 da noite, sem direito a carteira assinada, férias, seguro desemprego nem qualquer direito trabalhista - pequenas misérias comuns àqueles que trabalham em causa própria. Mas as coisas que vi e as pessoas que conheci ficarão comigo para sempre.


Na verdade, ainda estou me recuperando daquela correria e vou fazer um brevíssimo resumo do que foi o evento. Sol na maioria dos dias, 3 pavilhões gigantescos, 645 mil pessoas, 2,5 milhões de livros vendidos. Realmente uma feira de superlativos, a Bienal. Lá estava exposto o maior livro do mundo - um exemplar de O Pequeno Príncipe - e, num stand próximo ao meu, o menor livro do mundo - raras obras de arte ao preço de R$ 15,00. Estava em exposição também a maior prancha de surf do planeta - fiquei pensando se eu conseguiria me equilibrar numa canoa daquelas - mas não poderia imaginar o susto que levaria quando um mulher magra, de olhar aceso e com um livro sobre karts a tiracolo (do qual, fui saber depois, era a autora) veio e se apresentou para mim. Foi assim que fiquei conhecendo Suzana Carvalho, única mulher da história do automobilismo a ser campeã de Fórmula 3. Como não podia deixar de ser, ela literalmente emplacou seu nome no Guiness, o livro dos recordes.


Quando comecei a trabalhar como escritor, eu sempre sonhei com o dia em que eu trocaria idéias com as crianças, o que acabou acontecendo pela primeira vez justamente em minha cidade, Criciúma. Não há emoção maior do que ver uma menina de 7 anos segurando seu livro e pedindo para você assinar seu nome nele. Para mim é uma grande honra, pois eu acredito que é nos estudantes que está o futuro e é demais pensar que através desta obra eu posso exercer uma influência positiva na vida deles. Graças a Deus, a pureza infantil ainda me comove. Na Bienal do Rio, tive a chance de viver uma emoção atrás da outra. Eram centenas, milhares de crianças circulando, e quantas pararam para ver aquele sapinho da capa do meu Manual! Perguntavam, batiam fotos, pediam autógrafos, imploravam aos pais para levá-lo para casa... Creio que os outros autores independentes também curtiram muito aquele contato, especialmente o meu vizinho de stand, Bruno Paes, que aos 16 anos já é escritor. Realmente, uma grande experiência estar lá, que fez valer a pena todo o estressante trabalho de preparação para o evento .


Quem está na chuva é para se molhar, diz o provérbio. E no olho do furacão, era melhor mesmo deixar o guarda-chuva em casa. Quem vai num evento desses é para aparecer, certo?... E , como quem não quer nada, de repente me vi pessoalmente ao lado de Luis Fernando Veríssimo, Mauricio de Souza, Lair Ribeiro, Bernardinho... A cada um deles presenteei com um exemplar desse impagável Manual Bem-Humorado dos Privilegiados Auditivos. Cada momento, uma conversa. O grande barato de conhecer de perto algumas pessoas notáveis é o momento de interação com elas, e não o autógrafo. Ver como elas são, sentir suas reações. Na maioria das vezes, como tive a oportunidade de descobrir, são pessoas receptivas, bem-humoradas, realizadas. É só olhar bem nos olhos delas que o ídolo construído pela televisão vira um mortal comum de carne e osso instantaneamente.



Isso sem falar da mídia, que estava toda lá, cobrindo o evento. A sorte sorriu para mim, e além de alguns convites para dar palestras, saí numa entrevista em site , em jornal, numa pauta sobre autores independentes no canal Futura e um grande presente: uma matéria exclusiva sobre meu livro no Jornal das 10, do Globonews.


Mas a maior emoção foi quando, ao abrir a caixa de e-mails (o que fazia todos os dias, religiosamente, lá no centro de atendimento ao expositor, que ficava no último pavilhão) me deparei com três mensagens iguais intituladas URGENTE. Ao abrir e ler o conteúdo, mal pude acreditar no que via... Era um retorno ao convite que eu fizera para conhecer meu trabalho durante a feira. Liguei para aquele número para confirmar, e era aquilo mesmo, de verdade. E de fato, no outro dia, aparecia em meu próprio stand uma visita pra lá de especial: Lars Grael. Conhecê-lo pessoalmente, e num momento como aquele, foi um grande sinal de positivo no caminho que estou percorrendo atualmente em minha vida.
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Depois que o evento terminou e me despedi dos autores independentes da Rua E, Pavilhão Laranja - o meu endereço nessa estada no RJ -, restava apenas empacotar de novo as minhas coisas, achar um espaço para os livros que adquiri ou troquei com outros escritores, botar as lembranças em ordem e, com a sagrada sensação do dever cumprido, voltar para Santa Catarina. Mas no aeroporto, enquanto comprava um jornal para ler no vôo de volta para casa, bati os olhos num título que não conhecia... fiquei em dúvida se comprava ou não - e mais uma vez, o leitor voraz acabou vencendo. Não contente com a pilha de obras que trazia da Bienal, eu ainda fazia questão de levar mais aquele livro.


Eu poderia até falar mais desses dias, contar os detalhes, mas às vezes duvido que essas egotrips interessem de verdade às outras pessoas. O que me move são alguns leitores especiais que vivem me escrevendo, incentivando sempre, mostrando que, sim, algumas linhas podem de fato fazer alguma diferença em nossos cotidianos alucinados, e, por vezes até absurdos... É para eles que eu escrevo. E se depender de mim, continuarei escrevendo durante um bom tempo. Até a próxima!