segunda-feira, 30 de julho de 2007

The End of the Road


A vida é repleta de coisas fascinantes. Uma delas, certamente, é viajar, e quando se nasce num lugar em que praias de sonho se encontram a poucos quilômetros de carro, um sábado de Inverno aparentemente destinado ao sofá e ao controle remoto da tv pode se transformar num dia a ser lembrado para sempre.

Era 10:00 da manhã de um sábado, quando comecei a tomar coragem para sair da cama, tarefa difícil naquele que ia ser considerado um dos dias mais gelados do ano. Eu havia passado a noite anterior confraternizando com alguns amigos, e depois havia feito rápida passagem numa boate "high society", apenas para me certificar mais uma vez que estava perdendo tempo ali. Mas agora, ainda meio zonzo e vendo o dia magnífico que estava começando (o dia só começa na hora que a gente acorda...) , eu apenas pensava em me recuperar rapidamente e sair fora atrás das ondas, pois sabia que em algum lugar elas estariam me esperando. Depois de uma tremenda luta entre o "sim" e o "não", o primeiro venceu e então tomei a melhor decisão da semana - partir...

Depois de tomar banho e café, liguei para um amigo, que na mesma hora garantiu estar pronto para a viagem. Como é bom conservar as antigas amizades! Por mais tempo que se fique sem dar notícias, teus amigos de verdade estarão sempre te esperando, como se os anos não tivessem passado, e prontos para encarar qualquer roubada que mereça ser lembrada entre boas risadas depois...E de fato ele lá estava como sempre esteve, uma velha prancha debaixo do braço, aquele velho sorriso, e velhas histórias para contar. Alguns dos dias mais perfeitos da minha vida, aqueles de sol, ondas, de altas risadas, altas gatas e altos insights haviam sido com o famoso Grégor, um cara com alma de artista e espírito de palhaço, capaz de inventar as atitudes mais bizarras apenas para ver os amigos rolando de rir. A hora que estacionei e vi ele chegando, com o mesmo ar malandro de sempre, percebi que seria mais uma barca digna dos velhos tempos, e interiormente sorri. Colocamos as pranchas no rack e voamos.

Embora seja um verdadeiro pesadelo para muitos, a Br 101 pode ser desfrutada com prazer, mas são necessários muitos anos para descobrir seus segredos e saber apreciá-la devidamente, sem medo de morrer na próxima curva, o que não é mais novidade para mim. Porque, depois de mais de uma década percorrendo essas infame "estrada da morte", eu aprendi a relaxar, e me sinto quase tão à vontade dirigindo como se estivesse na sala de minha casa lendo algum de meus livros favoritos. Muitas pessoas não têm sequer coragem de fazer uma simples viagem Florianópolis- Criciúma, e é aí que eu dou risada, porque esse percurso é umas das coisas que eu mais gosto de fazer, e na verdade qualquer desculpa me serve para pegar a estrada. A Petrobrás ficaria feliz se soubesse quanta gasolina já queimei apenas pelo simples prazer de surfar, meditar e cantar em voz alta na estrada da morte.

Então, quando vimos, os visuais passavam velozes, velhas histórias eram relembradas, novas perpectivas pessoais e planos futuros postos a par, o dia magnífico. O destino era qualquer praia onde o vento Sul entrasse de frente e paramos na primeira para conferir. Quebrava uma onda ao longe , mas tão lá fora que seria loucura enfrentar o mar e as correntes sozinhos, já que eu estava há um bom tempo sem surfar e o preparo deveria estar em dia para um desafio daqueles. Observamos uma meia hora alguns malucos penando numas ondas horríveis que reformavam na beirinha e continuamos a viagem.

Poucos minutos depois e estávamos na entrada da praia Perdida, um lugar que na verdade acho meio sinistro, já que a estrada passa bem pelo meio de um povoado que nada tem de acolhedor... Num lugarejo de pescadores como aquele, com um certo clima de cais do porto e um leve cheiro de óleo no ar, a praia vazia e a sensação de que alguém lhe está observando os movimentos de cima no morro, surfar sozinho pode ser uma experiência bem inquietante. Banque o turista e você se verá sem carro e sem nada, passando o maior frio do mundo a quilômetros de seu doce lar... Mas eu tinha ótimas recordações daquelele lugar, e sabia o que fazer para retornar são e salvo com boas lembranças para casa. Após uma rápida descida pela estrada, vi o caminho livre e finalmente embiquei o carro bem na frente da praia.

Por muito tempo irei lembrar da sensação térmica que senti ao sair do carro para ver o mar melhor. Porque, ao abrir a porta e sentir aquela massa polar atingir diretamente o meu rosto, eu tive certeza absoluta que era o frio mais intenso que eu jamais enfrentara antes. Olhei para o Grégor, que não queria nem sair do carro, voltei rapidamente para dentro e me pus a observar o mar, baixo, sem maiores perpectivas de ondas. Estava tão frio que eu havia até esquecido por que estava ali.

Mais para o lado, algumas crianças locais se divertiam nas pequenas ondas que às vezes quebravam, perfeitas para elas com suas pequenas pranchas. Eu estava com meu longboard 9'0 e sabia que havia uma certa diversão, mas esperava mais. Entrar naquele mar para disputar as ondas com os garotos poderia desencadear algum sentimento pouco amigável da platéia que, meus instintos me diziam, assistia oculta dentro dos casebres. Então, fiquei quieto e aguardei os acontecimentos.

Como era de se esperar, os meninos foram saindo um a um , roxos de frio, mas ao passarem do meu lado foram me cumprimentando, ao que eu retribuí. Eles finalmente desapareceram e ficamos, eu e o Grégor, a sós naquela praia esquecida. Não havia mais ninguém ali.

E foi então que aconteceu: o mar, que estava calmo, subitamente reagiu e uma série maravilhosa de meio metrão começou a descascar praia abaixo, com uma perfeição que eu não contava. Eu e o "brother" nos entreolhamos. As ondas que havíamos buscar há mais de cem quilômetros estavam ali, bem na nosso frente, inteiramente nossas....

Mas havia um problema: eu não seria louco de deixar o carro sozinho num fim-de-mundo como aquele. Menos pela perda material do que pelo medo de morrer de frio se tivesse que voltar para casa a pé depois...Perguntei para o Grégor se ele ia surfar. Ele abaixou o vidro do carro, sentiu o vento sul lhe dar um sopro glacial na cara e respondeu que não. E eu, que havia registrado a onda com minha câmera e sabia o que tinha de fazer, entreguei a cyber-shot para ele e tomei a decisão mais irresponsável... Surfar. E então começou a correria.

Já eram 17:00, e o frio que fazia na beira do Oceano, naquele 29 de julho, era quase inacreditável. O ritual de surfar, para quem gosta de longboard , começa um pouco antes, já que é preciso primeiro passar parafina na prancha toda, fixar a quilha (a parte que vai no fundo da prancha e parece a barbatana de um tubarão) e ainda amarrar o strep, o cordão umbilical que nos une à prancha, e que algumas vezes pode signficar a diferença entre a vida e a morte. Foi só quando tirei a camisa e senti o ar gelado me castigar que percebi no que estava me metendo. E o pior é que depois de tudo, já com a roupa de borracha e a prancha pronta, eu percebi que o mar havia novamente se acalmado. Como se não bastasse, o meu amigo ainda falava que não ia valer a pena... Mas eu queria saber até onde era capaz de ir para pegar aquelas ondas, e nada me faria desistir.

Então, ao virar para o Oceano, com os navios ao fundo e subitamente energizado pela situação toda, tive um tremendo flashback, The Cure começou a passar pela minha cabeça, lembranças há muito esquecidas de uma outra barca com aquele som afloraram, e eu sentia que tudo agora fazia sentido...Com um berro, corri em direção do mar e me atirei, já remando com toda a vontade da minha vida, agradecendo a Deus pelo frio, pelas minhas pernas, pela minha família, meus amigos e por tudo, tudo agora era sublime e eu precisava ter chego naquela praia remota e enfrentado o maior frio de minha vida para compreender tudo isso ... O cheiro de óleo, o perigo, a amizade, a minha saúde que me permitia surfar... Tudo era muito valioso para mim...Naquele frio extremo, que era ainda pior porque estava com uma velha roupa de borracha já roída pelas ondas do mar, eu senti, afinal, que podia muito mais, que minha vontade poderia me levar para onde eu quisesse, e todos os problemas que havia enfrentado na vida haviam tido seu propósito para a minha evolução. Então, já na arrebentação, sentei na prancha e , sentindo os cabelos e pés gelados e dando risadas sozinho, comecei a esperar e me preparar pela próxima série de ondas.

E ela veio, uma pequena onda maravilhosa que abriu perfeita, mas na qual fiquei em pé quase tarde demais, lá na frente do pranchão com as mãos para cima, mas ela foi mais rápida e acabou me derrubando... A sensação seguinte foi como ser batido numa máquina de lavar roupas cheia de sorvete. Agitei a cabeça como um gato escaldado só pra ver as próximas cinco ondas estourarem bem na minha cabeça , cobrando o couvert daquele espetáculo, que afinal eu não ia deixar de pagar... Quando me vi livre concluí que era bem melhor fica na parte de cima da prancha e tratei de puxar a minha bem rápido! Sobre meio metro d'água, mas parecia a minha tábua da salvação. Se tivesse passado por isso no início da minha experiência com o surf, provavelmente desisitiria de tudo, me mudava para São Tomé das Letras e viraria um expert em gnomos e ets. Mas já havia enfrentado situações bem absurdas antes, sabia que o êxtase tem um preço... virei a prancha e remei novamente para dentro.

Uma das melhores sensações de surfar em Santa Catarina é saber que aqui não há o perigo de ataques de tubarão. Normalmente eu não penso muito nisso, mas ali, com o tempo cinzento e do lado de um porto como aquele, sozinho e agora morrendo de frio, era impossível não lembrar. Eu já tive uma experiência indescritível com botos, que certa vez vieram dar um olhada muito de perto no intruso que estava em seus domínios(eu), e ainda bem que eles foram sensíveis o suficiente para verem que eu não tinha nenhuma má intenção. Porque eles passaram tão perto, mas tão perto, que eu tive certeza que aquele sorriso que vi mergulhar ao alcance da minha mão era para me ensinar muita coisa, e de fato aprendi uma grande lição de humildade, e compreendi que a Harmonia é a chave do Universo. Naqueles intensos e eternos segundos em que me vi cara a cara com aqueles meu quase-irmãos do mar, e bem mais evoluídos do que eu, totalmente senhores em seu elemento, percebi de como a vida humana é frágil, e de quão insanos somos em acreditar sermos mais fortes do que a Natureza. Eu já perdi a conta das vezes que vi os botos passando por perto, mas aquela experiência foi a mais singular que passei dentro da água. Nunca mais fui o mesmo depois daquele fim-de-tarde em que vi os botos sorrindo e mergulhando a menos de meio metro de mim.

Eu ainda peguei mais umas quatro ou cinco ondinhas, mas a última foi especial: foi uma simples questão de ficar em pé e se deixar levar, se tornar um com a energia do oceano, sem esforço algum, sem nenhuma necessidade de agredir nem radicalizar, e realmente nada mais importava... Sentia, deslizando em meu longboard, o que jamais havia sentido com a mesma intensidade sobre uma pranchinha:que surfar é um grande presente, um privilégio sem igual, e quantos anos foram necessário para mim compreender isso... A pequena parede ia abrindo como uma maravilha líquida, e eu de pé!... A onda ia chegando na beirinha e eu insistindo... querendo mais... ela finalmente acabou, mas já havia valido tudo a pena... eu havia encontrado um sentido no fim daquilo tudo. Instantes depois, eu já estava novamente dentro do carro, feliz, o ar quente ligado no máximo, pronto para voltar para casa... A busca tinha sido perfeita.

Algumas pessoas podem achar esse relato fatalista, um exagero da verdade, e pode até ser. Talvez. Os limites entre a dor e o prazer, o céu e o inferno, a vida e a morte são delimitados por uma linha tênue e muito frágil. O único momento em que senti a morte de perto, nessa pequena grandiosa viagem , foi quando, a mais de cem por hora num lugar em que meu pai quase perdeu a vida, um motorista irresponsável tentou uma ultrapassagem absurda, invadindo a minha pista e com os farós na minha cara ... Um décimo de distração, e essas linhas jamais seriam escritas. Eu seria apenas mais uma trágica estatística da BR101.

Viver é uma arte, e sobreviver pode ser uma simples questão de habilidade, mas também de destino. Até que ponto devemos o fato de estarmos vivos à nossa astúcia? Até que ponto sentimos que fomos salvos no último segundo pelas mãos de uma Força Maior?Onde acaba um e começa outro?Não sei...

Mas, pensando bem, quem de verdade poderia responder a essas coisas?
.
Esse artigo foi publicado no site Waves no dia 09/08/07, com o título de Uma estrada que desafia a alma.
Veja : http://waves.terra.com.br/novo/layout4.asp?id=26800&sessao=

terça-feira, 24 de julho de 2007


PROMETEU DESACORRENTADO

De uma causa desconhecida
Via-me atormentado pela visão de muitos livros
Idéias, hábitos, geografias, rituais
O mundo me interessava

Mas não o mundo dos catálogos turísticos
Não o mundo já adjetivado, definido, explicado, parcial
Que eu insistia em não digerir
Não.
Não era o caminho pré-determinado e cartesianizado
Que tantos suam para verem acabar calculadamente...

Na verdade, meu Universo abrangia muito mais
Pois os moldes imaginários, sobre a minha visão das coisas
Eu empenhara-me em arrancar - para sempre
E as intrincadas correntes do Julgamento
Já se havia, há muito, quebrado.

Se milhões vagam em trajetórias de fantoche
Porque haveria eu de arregalar também os olhos?
De bater fotos bestialmente, à procura de importância
Ou supostos consolos a mim próprio?

A grande experiência do meu percurso
Residia em procurar além dele.

O desapego acompanha
E a ele vigiarei, feito eterno a cada segundo
Pois domado, me iluminará
Liberto, refreará meu caminho, no mundo

Em minha consciência, canais foram desobstruídos;
conexões, abertas
E agora eu me via livre, absorto
Absorvido nas quietudes do meu espaço
E então, alguns mistérios acreditava compreender
Pois agora, os rituais místicos de culturas ancestrais
Já não me induziam a porquês racionais (!)
porquês vagos,
Indissociáveis de minha natureza
Mas dos quais eu já aprendera a ter o melhor proveito.
E cada vez mais me admirava!

No meio da selva
Curumins ainda dormem envoltos em peles de onça
Para tornarem-se guerreiros fortes e valentes
Como o grande cacique que as abateu.

E monólitos colossais, de confins desérticos
Ainda hoje são venerados por povos aborígines
Oferendas de primitivo temor
Ainda são postas ao sopé de árvores gigantescas
Em ignotas tribos simbióticas do Tibete
A fim de aplacar a ira de entes desconhecidos
Quando da colheita dos doces, quase inatingíveis
favos da ambrósia.

Haveria eu de pagar um preço
Por ter escolhido como “agente de viagens”
Algo que está muito além da minha própria noção?

[ao viajante}:

Vai!...Mas leve sempre contigo:
Sem intenções, te julgarão de boa vontade
Sem vanglórias, te farão alto-espírito.

Que venhas para se divertir e serás sempre bem-vindo.



Este poema foi escrito numa madrugada, depois de um velório, e até hoje não sei como que o escrevi. Vai ver, foi o espírito do morto...(rsrsrsrrsrssrs) Acabou sendo premiado no concurso da Academia Criciumense de Letras, em 2005.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Limitação física e inclusão social

Há tempos imemoriais o ser humano se defronta com os mais diversos impedimentos à sua sobrevivência e evolução.Os obstáculos da natureza e a luta para dominar suas próprias paixões e vícios o mantém num combate permanente que muitas vezes acaba consumindo o mais e o melhor de suas energias e, pior, o conserva num estado no qual a possibilidade de mudança e desenvolvimento reduz-se praticamente a zero.

A combinação de um ambiente natural favorável com as infinitas possibilidades da nossa mente produz a condição perfeita para nossa inteligência vislumbrar as alturas e colorir a vida com seu admirável florescimento. Foi assim que a Grécia, país de clima ameno e ambiente agradável, encontrando em seus habitantes semente digna de germinar em seu solo, viu a criatividade da nossa espécie desabrochar numa cultura hoje considerada clássica.

As limitações sempre constituíram um Desafio para a nossa mente. Das abissais do Oceano às alturas da atmosfera terrestre, nada freou o homem em sua necessidade de escancarar os limites e desbravar o Desconhecido.

No âmbito mais imediato, a limitação nos marca de forma bem contundente. Isso ocorre quando, além dos obstáculos naturais, nos vemos forçados a enfrentar também as inevitáveis limitações do nosso corpo; é o que se convencionou chamar “deficiência física”.

Embora advenha do termo déficit, de significado meramente quantitativo, não há dúvida de que ela soa como verdadeira afronta para muitas pessoas, já que qualifica o indivíduo com base em sua carência mais evidente. É assim que um ser humano é classificado como “feio”, “gordo”, “burro”, ou “deficiente”.

Embora muitas vezes oriundas de uma personalidade tristemente falha, inúmeras deficiências humanas daí resultantes não são consideradas como tais, pelo simples fato de estes defeitos de caráter não virem acompanhados de sinais físicos evidentes da sua existência.

É por isso que noções como a mentira, a trapaça, a megalomania, loucura e vícios de toda sorte não são considerados deficiências - sendo, aliás, muitas vezes até louvados como “ordem natural das coisas” ou “necessários para um funcionamento sadio da sociedade...”

Assim como os limites da Terra levaram o homem ao desbravamento das fronteiras,os limites do corpo também oferecem Desafio semelhante. Num estado de espírito assim, a importância dos sinais físicos evidentes em nossa vida se transforma na vívida realidade de uma miragem.


Quando tais limites se apresentam na forma de uma forte privação sensorial, como na surdez, a sua própria natureza relativa pode nos proporcionar a chance de canalizarmos nossos talentos para potencialidades muitas vezes ignoradas por nós mesmos.

O segredo desta transubstanciação é operarmos uma imprescindível mudança de ponto de vista, de forma a percebermos nossas limitações não mais como obstáculos e sim oportunidades.

Vivemos numa época em que a Beleza está sendo governada por um triste regime de exceção, no qual os padrões vigentes não admitem e muitas vezes até abominam o que é considerado “diferente” pelo senso comum.

Não deixa de ser notável o fato de que, ao mesmo tempo,um movimento nascente toma forma para reagir contra tais imposições e, passando a tratar o ser humano em sua totalidade, procura formas de estimular as pessoas a superar suas deficiências e serem úteis à sociedade. Ao mesmo tempo que lhes devolve a auto-estima e a chance de exercer uma profissão, mostra que estes seres especiais também possuem uma admirável criatividade a ser explorada e muitas vezes podem até servir de exemplo...

É a atualmente tão comentada inclusão social.

A campanha da fraternidade deste ano (2006), com o lema “Fraternidade e pessoas com deficiência” e a lei de Cotas, que prevê certa porcentagem de vagas para portadores de necessidades especiais em empresas com mais de 100 funcionários são provas de que a sociedade começa finalmente a agir neste sentido.

No entanto, é ingênuo acreditar que a inclusão social virá como um presente; ela será sempre uma conquista, e como tal, exigirá uma boa dose de suor e, infelizmente, sofrimento. Só assim a pessoa poderá se realizar e conquistar seu lugar no mundo.

Mas, para tanto, é necessário que o indivíduo em questão decida primeiro abandonar certos “préconceitos” e passe a explorar as suas próprias potencialidades com confiança, pois é inútil dar oportunidades a quem usa suas limitações como desculpas, quando poderia muito bem utilizá-las como um estímulo para vencer....

Isso trás à tona esta verdade: sem amor-próprio não há solução.

Por outro lado, se lembramos que o número de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil chega a 25 milhões, se percebe urgente a necessidade de lhes fornecer oportunidades. E de respeito também, mas o respeito não vem simplesmente voando em nossa direção: a gente tem que merecê-lo.

Isso não significa que podemos simplesmente ignorar os direitos básicos destas pessoas, pois pequenos atos do cotidiano, como não ocupar vagas de estacionamento reservadas, dar preferência no atendimento em estabelecimentos comerciais e tantas outras formas de solidariedade podem fazer uma enorme diferença.

A inclusão social é um movimento positivo e deverá produzir frutos notáveis em todas as áreas da atuação humana, bem como nas artes, no esporte e em inúmeros outros ramos do conhecimento.



Publicado no site www.dicionariolibras.com.br
16/11/2006

quinta-feira, 19 de julho de 2007

O INÍCIO DAS COISAS

Bem,aqui estou eu,por sugestão de um amigo que respeito muito,entrando nessa onda virtual chamada blog.O motivo é que em breve estarei publicando meu livro- espero que seja o primeiro de uma boa série- e nada mais eficiente para difundir minhas idéias do que este verdadeiro milagre do séc.XXI.O grande problema é que nunca estou satisfeito com as coisas que escrevo,daí minha exitação em publicar essas linhas .Mas pensando bem,os começos realmente costumam ser os momentos mais ridículos da vida.A primeira cantada de um louco amor,a primeira onda de um campeão mundial,o primeiro discurso de um renomado orador,a primeira defesa de um milagroso advogado...O fato é que ninguém se lembra,quando vê alguém extraordinariamente bem-sucedido em sua carreira , de como não devem ter sido difíceis e desastrados os primeiros passos...Ou será que quem anda de ferrari lembra daqueles calhambeques pré-históricos que fizeram a fama(e a riqueza) do Henry Ford...?Ou agradece em suas preces ao Santos Dumont pelo 14 bis quando resolve dar uma voltinha de primeira classe no seu jatinho particulars?Acredito que não!!!!
Assim,na certeza que essas linhas infames realmente estão cumprindo sua missão-a de ser a pedra angular de uma colossal perda de tempo escrevendo textos bizarros-eu apenas torço para que esse espaço tenha algum sucesso na divulgação do meu livro ,que aliás não devo falar muito pois ainda não foi publicado. O importante nesta vida, meus amigos, é não ter vergonha de (re)começar, por mais imbecis que estejamos parecendo...Afinal de contas,"somente os ridículos são felizes...
PAZ.

Tirado do meu antigo blog, foi publicada em 13/07/2006

Um Seminário Muito Especial


Nos dias 18 e 19 de junho tive o prazer de participar do Seminário de Literatura Catarinense, promovido pela Fundação Cultural de Criciúma. Foi uma semana incomum, na qual na segunda-feira eu participava da abertura do evento, na quarta voltava à Florianópolis, na sexta de manhã entregava meu trabalho de conclusão do curso de Análises Clínicas da Ufsc e às 17:00 do mesmo dia já estava em Lages, lançando meu livro na II Bienal Catarinense do Livro.
Já em sua primeira edição, o evento atraiu vários escritores da nossa região, que ouviram atentos à verdadeira aula de literatura proferida por Lauro Junkes(foto acima) e Celestino Sachet, da Academia Catarinense, que conquistaram a todos com muita simpatia e senso de humor.
O que mais me chamou a atenção foi ver o orgulho que os participantes sentiam ao mostrarem seus livros, e a importância que a arte de escrever e a leitura têm na vida deles. Pude ver pessoas das mais diversas idades e condições sociais irmanadas no gosto comum pela palavra escrita, e percebi de como essa paixão estava estreitamente ligada a um sentimento de vitória sobre a adversidade e realização pessoal.
Foi assim que me emocionei ao conhecer a história de Jheine Rose, que transcendeu pela literatura a perda de um filho, ou do humilde Seu Chico, que já publicou um belo livro de poesias chamado Todo tempo tem seu valor.
Das conquistas humanas, a civilização é a sua realização suprema, e a escrita é a base da civilização. Foi ela que possibilitou o desenvolvimento cognitivo de nossa espécie, até atingirmos o estado atual. O ser humano, ao escrever, de alguma forma está pensando em algo além de si mesmo, pois, tomando consciência da própria finitude, percebe que pela escrita pode vencer a morte, e deixar às novas gerações a sabedoria acumulada pela Humanidade através dos séculos.
Parabéns a Ronaldo David, Edna Bastos, Sandra Silvestre e todos os membros da Academia Criciumense de Letras, que através de iniciativas louváveis – Feira do Livro, Concurso Literário e o próprio Seminário - têm proporcionado à nossa região um estímulo poderoso para o surgimento e fortalecimento de novos valores artísticos. Que nossas crianças sejam iniciadas desde cedo no maravilhoso mundo dos livros, e que nossa Academia continue fiel à nobreza da sua missão: ser o local sagrado onde seres humanos confraternizam e mantém viva a imemorial arte da escrita.

Este artigo saiu no portal Engeplus e Jornal da Manhã, de Criciúma.Foi o mínimo que pude fazer em reconhecimento ao trabalho de Fundação Cultural de Criciúma, que faz jus ao nome...